As cartas de Amélia para Sydney.
EU QUERIA QUE MINHA VIDA FOSSE UM FILME.
Escrevo esse livro para quem quer ser tudo numa vida só. Por muito tempo eu pensei que, de alguma forma, eu mudaria o mundo. Quer dizer, acho que quando criança a gente pensa que pode tudo quando crescer, mas ai a gente cresce e vê que a gente não pode nada. Passei a vida toda querendo crescer e quando eu cresci, queria a vida toda pra mim.
Minha rotina é comum demais e por isso eu costumava temer a ela... Mas acho que com o tempo, a vida me mostrou que tudo, na verdade, é incrível, a gente só não consegue enxergar porque passamos muito tempo ansiando pelo extraordinário. Quando vou escrever, gosto de ter inspirações, gosto de ver o diferente, mas se eu for esperar minha vida toda pra isso, vou acabar escrevendo só duas linhas. Com o tempo, percebi que não era uma inspiração que eu procurava, e sim algo que fosse interessante para quem iria ler, isso me contradiz porque o conselho que eu mais dou é sobre ser você independente de opinião, é sobre sua essência exalar mais que a crítica do outro. Acho que esse livro mostra pra tanto quanto mostra pra mim que nunca vamos realmente saber quem somos, por que afinal, a vida é uma mudança contínua e nós somos seres efémeros.
O livro conta em uma história romântica as dores e as felicidades de uma vida, transparece o simples da alma e o rigor do sentimento, nele vamos aprender as lições e os ensinamentos que a vida nos mostra e coloca bem na nossa frente mas não queremos enfrentá-los.
CHAPTER 1: Onde tudo começou.
Dia 08 de setembro de 2000.
Meu nome é Amélia, mas você pode me chamar como quiser, na verdade, eu até gostaria de ter um apelido porque nunca tive um. Não gosto muito do meu nome mas meu pai acha que um nome faz uma mulher ser quem ela é e ele disse que um dia viu numa revista de sua época que Amélia significa "moça esforçada" e desde então disse a mamãe que esse iria ser meu nome. Minha mãe disse que iríamos ser ótimos amigos por que ela insiste em dizer que sou muito inteligente e sociável. Sei que escrever uma carta não é o método mais atual de comunicação mas você mora longe e eu sempre quis mandar uma carta pra alguém, aí eu vi que agora podia ser a oportunidade perfeita e não quis desperdiçar, espero que não se importe. Além de todos esses motivos, estou de férias e vim visitar minha vó aqui na capital, então seria mais viável. Mamãe me contou pela primeira vez que sua melhor amiga de infância tinha um filho faz 2 meses, e desde então não para de falar de você, acho curioso por que ela escondeu isso de mim durante 16 anos e agora quer que eu tenha pressa, disse a ela pra ter paciência e que você não iria fugir, mas não adiantou muito. Enfim, quero escutar um pouco de você, até porque 16 anos é muito tempo e temos muitas coisas a compartilhar. Estou muito curiosa também, qual será o grande motivo pelo qual ela nunca me contou sobre você? mas nunca iria desconfiar até porque quase 30 mil quilômetros não é pouca coisa e as informações demoravam a chegar antes do MSN, falando nisso, aí tem MSN?
Beijos, Amélia.
Dia 23 de setembro de 2000.
Oi Amélia. Meu nome é Sydney, mas meu apelido é Syd e eu também não gosto muito do meu nome, é o mesmo da cidade que eu moro, minha mãe era tão obcecada em vir pra cá que quando se mudou em 83 e eu nasci, ela resolveu colocar meu nome assim, mas se ela gosta eu gosto também. Eu acho que isso deve ser culpa do meu pai, ele é muito reservado e não gosta que contem as coisas daqui pra nossos amigos de fora, mas se bem que ultimamente ele está tentando compensar e até está ajudando minha mãe a entrar em contato com a família. E sim, aqui tem MSN, mas costumo não usar. Gostei do jeito que você escreve.
Até mais, Sydney.
Dia 24 de dezembro de 2000.
Oii Syd! antes de qualquer coisa, preciso me desculpar pela demora para te responder, ultimamente ando bem ocupada estudando para os vestibulares. Primeiro, obrigada, também gostei do seu jeito de escrever e seu nome é realmente muito bonito. Quero me formar em artes cênicas, quero fazer teatro, ser atriz... Hoje é um sonho muito distante mas sei que um dia vai se realizar por que tenho muita fé. E você, quer ser o que? Percebi que é muito sucinto e objetivo nas cartas, fale mais sobre você, gostaria de saber. Você não me contou sobre as olimpíadas, como foi? você mora onde aconteceu e não foi ver nada? impossível. Mas me conta, como é ser adolescente na Austrália???? mudando o assunto totalmente, um tempo atrás lançou uma música muito boa de uma banda aqui do Brasil, queria que você escutasse, o nome é "Aonde quer que eu vá" do Paralamas do Sucesso, aposto que você vai adorar. Acho que você já percebeu que sou um pouco curiosa. Só mais uma pergunta, prometo. Como você têm enfrentado os seus problemas? Estou cheia deles e não sei mais o que fazer. Esqueci de destacar que não tenho muitos amigos, então queria um conselho seu.
Beijos, Amélia.
Dia 07 de janeiro de 2001.
Oi Amélia. Gosto muito de te escrever e ser adolescente aqui é igual a ser adolescente em todo lugar, tenho os mesmos problemas que você ai no Brasil. Quando li sua carta, passei dias pensando como eu resolvo meus problemas. A verdade é que eu não resolvo. Acho que nossa vida é moldada por como enfrentamos esses problemas e por muito tempo eu achei que eles sumiriam se eu os deixasse de lado, mas sempre continuavam ali e só pioravam. Esses dias quebrei a minha garrafa na escola e chorei, bastante. Não ache que porque sou menino eu não choro, minha mãe fala que chorar alivia a alma. Mas depois que o calor do momento passou, deixei o tempo fazer o trabalho dele. Espero que te ajude, não sou muito bom com conselhos. Por sinal, a música é muito boa mesmo. Feliz ano novo.
Até mais, Syd.